Home office: Como lidar com os problemas de trabalhar sem sair de casa

O Home Office é uma realidade que veio para ficar. Trabalhar sem sair de casa, realizando tarefas e reuniões online, tornou-se a rotina de milhões de homens e mulheres, nos mais variados ramos de atividade. Trabalhar sem sair de casa trouxe vantagens, como por exemplo, poupar-se de se deslocar com o trânsito caótico da cidade grande. Mas trouxe também alguns problemas, principalmente para a saúde mental.

Para entender os problemas de trabalhar sem sair de casa, entrevistamos a Psicóloga Clínica, Maria Tereza Boulos, membro da Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva e Especialista no Tratamento dos Sintomas Contemporâneos.

O depoimento da Dra. Maria Tereza se baseia em sua experiência em consultório, tratando de problemas psicológicos que surgiram em seus pacientes, de 2020 até hoje, quando a grande maioria deles aderiu ao home office.

Como o home office se tornou comum e o lar virou local de trabalho

O trabalho na modalidade home office é algo que a tecnologia já permite há algum tempo, e que muitos profissionais de diversas áreas, especialmente autônomos, já eram adeptos porque ao trabalhar em casa, entre outras vantagens, evitavam as despesas de manter um escritório próprio.

Mas a imensa maioria das organizações, antes de 2020, não cogitava o sistema de home office por estarem estruturadas para o trabalho presencial, e também por uma questão cultural, de crenças arraigadas de gestores que acreditavam que não conseguiriam gerenciar equipes que não estivessem reunidas no mesmo ambiente, e colaboradores que temiam a quebra dos limites que separavam o ambiente de trabalho do pessoal e familiar.

Em 2020, empresas e profissionais foram obrigados a passar pela experiência do home office, e esses receios não apenas não se confirmaram, como houve ganhos. Profissionais perceberam vantagens em não passar horas do dia em engarrafamentos e transportes coletivos lotados, e gestores das empresas viram despesas como aluguel e manutenção dos imóveis de seus escritórios serem reduzidas, sem perdas na eficiência operacional.

Por essa combinação de custos reduzidos e eficiência operacional mantida, mesmo não havendo mais uma questão de emergência sanitária envolvida,  e o trabalhar em casa ter se tornado uma opção, não uma obrigação, muitas empresas mantém o sistema de home office total ou híbrido, e com raras exceções, indicam que pretendem continuar.

Desvantagens do home office

Apesar dos ganhos que listamos, também existem as desvantagens do home office. Ficar sem sair de casa trouxe uma série de problemas, tanto no relacionamento entre as pessoas quanto  para a sua qualidade de vida e saúde mental, conforme explica a psicóloga Maria Tereza Boulos:

Quando se pensa em home office, surge a ideia de mais horas de sono, menos deslocamentos e mais tempo com a família. Mas a rotina de muitas pessoas que vivenciaram essa modalidade em suas profissões, mostrou o contrário:  houve aumento de problemas físicos e mentais como dores lombares, compulsão alimentar, distúrbio do sono, ansiedade, depressão e síndrome de burnout e até do consumo de substâncias.

O home office é saudável?

A questão não é essa, já que o home office é uma circunstância profissional, à qual as pessoas precisam se adaptar. Mas é inegável que, tanto quando havia uma emergência sanitária, como quando se tornou uma forma de contrato de trabalho, ele estimula o isolamento social. E para algumas pessoas, que tenham a predisposição , ou já foram diagnosticadas com alguns distúrbios, o isolamento social não é saudável.

Segundo a Dra. Maria Tereza, ficar sem sair de casa criou situações que potencializaram sintomas de ansiedade e depressão em pessoas que já tinham esses problemas, e apresentaram uma piora nos sintomas, agravados pelo confinamento. Isso sem falar nos pacientes que apresentaram a Síndrome de Burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico

A psicóloga explicou que uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, com profissionais de 23 estados brasileiros, mostrou que nesse período em que o home office se intensificou, 83% dos psiquiatras consultados, perceberam o agravamento dos problemas de saúde mental em pacientes com distúrbios como depressão e ansiedade.

Outra fonte, a ZenKlub, uma plataforma que comercializa sessões de terapia online, divulgou uma pesquisa em que registrou uma alta de 151% nas sessões de terapia do primeiro semestre de 2022, em comparação com o mesmo período em 2020. Nessas sessões, não foram ´poucos os casais que optaram pela separação, alegando, diminuição da socialização com amigos e vivência de uma rotina desgastante e repetitiva e tedio, na vida diária.

Ou seja, existem indícios de que não somente o isolamento social que o home office estimula propiciou o aumento de problemas de saúde mental, e relacionamento social e familiar,  como também de que as pessoas estão buscando ajuda para lidar com eles.

Como o home office afetou os relacionamentos familiares

Maria Tereza Boulos explica que o home office afetou os relacionamentos familiares com um “excesso de convívio”, para o qual não tiveram tempo para se preparar. Em terapia, as pessoas relataram que estavam acostumadas a encontrarem-se de manhã e à noite, passando a maior parte do tempo com colegas de trabalho ou em outras atividades, longe dos familiares, e simplesmente não estavam acostumadas com uma convivência tão intensa.

Se houve relativamente poucas queixas em relação a chefes e colegas de trabalho que não respeitavam dias e horários de expediente, eram frequentes as queixas em relação aos próprios familiares, que quando a pessoa estava concentrada no trabalho, chamavam a todo o momento, não entendendo que havia um horário de trabalho a ser respeitado.

Apesar das tentativas de se planejar, houve uma mistura indesejada do que era momento de trabalho com momento de cuidar das coisas do lar e da família, inclusive o lazer. Tudo se tornou uma bagunça, com as pessoas não conseguindo impor limites dentro de casa. Sentimentos de insatisfação, falta de privacidade, desrespeito, exaustão, desanimo, angustia e frustração, entre outros, surgiram sem “prévio aviso”.

Segundo a Dra. Maria Tereza, o resultado dessa situação foi muita gente se sentindo sobrecarregada, tendo a sensação de que não iriam dar conta de tudo, e sendo levadas ao esgotamento mental, chamada de síndrome de burnout. Síndrome de Burnout. Pacientes vulneráveis à referida síndrome, acabaram por desenvolvê-la, bem como a outros sintomas.

Como o home office afetou os casamentos

Segundo a Dra. Maria Tereza, o trabalho home office trouxe mais ansiedade para as pessoas e isto afetou os casamentos. Um problema comum nas relações conjugais são as coisas não serem combinadas com antecedência. Por isso, um casamento é um espaço de ajustes, onde tudo precisa ser conversado, construído e negociado. Mas no período em que os casais ficaram sem sair de casa, os fatos foram acontecendo sem eles terem tempo para fazer esses ajustes.

Foi muito comum a situação em que antes um saia de casa para trabalhar, e o outro cuidava do filho pequeno. Ou os dois trabalhavam, e estavam acostumados a sair de manhã e voltar à noite. E, de repente, tiveram que fazer o seu home office na mesma casa, muitas vezes, no mesmo cômodo, com a mesma internet, sem ter cada um o seu espaço, conta a terapeuta.

Os casais aumentaram as suas áreas de atrito, e se tornaram mais angustiados, irritadiços e intolerantes, inclusive um com o outro. E, consequentemente, menos adeptos ao sexo, o que, em tese, também pode contribuir para o declínio de uma relação à dois. Acredita-se que, por não ter havido tempo para ajustes e discussões entre a vida familiar e a vida profissional, a separação entre os cônjuges surgiu para muitos, como sendo a melhor solução.

Botão verde e botão vermelho

Para explicar como situações que em outros contextos seriam mais facilmente contornáveis se tornaram tão sérias, a Dra. Maria Tereza recorre a uma metáfora, explicando que todos nós temos os nossos “botões verdes”, as coisas que nos deixam felizes e satisfeitos, e “botões vermelhos”, as que nos deixam irritados. E que um casal, ao longo do tempo de convivência, aprende a apertar os botões um do outro, para alegrar ou entristecer o parceiro (a).

O problema gerado pelo home office, de as pessoas não saírem de casa, é que as situações de atrito foram aparecendo cada vez mais, e em maior velocidade. Os casais simplesmente não sabiam mais quais “botões” apertar. Finaliza.

Home office e a solidão

Pessoas solteiras, divorciadas, adultos jovens, inclusive os que moram com os pais, também foram muito afetados pelo home office. Sentiram muita falta da conversa sobre as coisas do dia a dia, troca de ideias, mudança de ambiente, e apresentaram uma tendência ao isolamento social e até à depressão. Os mais jovens, especialmente, sentiram muita falta da sensação de pertencimento, gerada por encontrar outras pessoas e fazer parte de um grupo.

Os que moravam sozinhos obviamente, não tiveram problemas de relacionamento com os familiares, mas sofreram pela falta de rotina; tornaram-se um pouco indisciplinados, com um estilo de vida bem menos saudável, desenvolvendo compulsão alimentar, abusando das “confort foods” e ganhando indesejáveis quilos a mais, em alguns casos.

Segundo a Dra. Maria Tereza, aparece aqui um efeito dominó: quanto mais desequilibrados emocionalmente, entristecidos pela falta do convívio social e buscando obtenção de prazer imediato para lidar com uma realidade desagradável, não foram poucos os que aumentaram o consumo de álcool, tabaco e até de substâncias tóxicas como maconha, ecstasy e cocaína.

A terapeuta ainda alerta para o fato de que nosso organismo tem a capacidade de desenvolver tolerância. Isto é, o indivíduo que tem por habito consumir álcool, tabaco ou substâncias tóxicas regularmente, precisará de quantidades cada vez maiores para alcançar o prazer que atingia no início, quando ainda consumia as substâncias em menor quantidade, o que aumenta os perigos do abuso. “A conta sempre chega!”, explica.

Problemas de saúde que podem surgir em um home office prolongado

É incorreto fazer uma associação automática do home office com qualquer tipo de doença. Mas é preciso reconhecer que ele estimula as pessoas a sair muito pouco de casa, ou quase nunca, e que o isolamento pode propiciar o surgimento de problemas de saúde, para quem tem a tendência. Por isso é muito importante que cada pessoa conheça suas próprias características, e procure ajuda profissional para tratar desses problemas.

Mas, tendo ou não um problema de saúde diagnosticado, ou a tendência para um, dificilmente qualquer pessoa fica indiferente à situação de não poder sair de casa, mesmo que saiba que existe uma boa razão para isso, como era o caso quando o distanciamento social foi a maneira encontrada para lidar com a pandemia.

Segundo a Dra. Maria Tereza Boulos, somos a somatória de tudo o que já vivemos. Ficar preso em casa, queiramos ou não, remete-nos à situação de castigo, como quando éramos crianças, fazíamos algo errado, e ficar trancado no quarto para pensar, era um castigo, uma punição. Psiquicamente, o fato de não poder sair de casa, nos remete a estarmos sendo punidos, o que torna o processo, ainda mais desgastante.

Entre os problemas de saúde mental que as pessoas desenvolveram durante o isolamento social estão a Depressão, a Síndrome do Pânico, o TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo e a Ansiedade, além de complicações físicas como problemas de coluna, fruto de sedentarismo ou má postura frente às telas.

Home Office, isolamento e sedentarismo

Pesquisas mostram que o sedentarismo durante o isolamento, além do ganho de peso corporal, trouxe alterações de humor e a piora da saúde mental. Trabalhando em home office, e sedentárias, as pessoas perderam também sua dose de endorfina, hormônio que promove a sensação de recompensa e bem-estar, liberado quando há um sentimento de prazer ligado à atividade física, o que aumentou o nível de estresse e os sintomas depressivos.

Pós-Pandemia

Com o surgimento das vacinas, muitas pessoas conseguiram se socializar mais, mas a busca por tratamento, para Depressão, Síndrome do Pânico, TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo e Ansiedade, cresceu. Pesquisas mostram que algumas pessoas desenvolveram os transtornos durante a pandemia e mesmo após a chegada das vacinas, permaneceram com as manifestações dos sinais adquiridos.

Vamos falar agora dos principais problemas de saúde mental que podem se manifestar durante o isolamento social, e que as pessoas devem tomar cuidado se estiverem trabalhando na modalidade home office sem nenhum tipo de pausa ou intervalo.

 

 

Depressão durante o home office

A Depressão é uma doença, que afeta o emocional da pessoa. Caracteriza-se por uma tristeza profunda, falta ou excesso de apetite, desânimo, pessimismo, baixa autoestima, sentimento de culpa, inutilidade e desamparo, irritabilidade, fadiga, dificuldade para concentrar-se ou tomar decisões, sentimentos de desesperança, dores crônicas e ideias ou tentativas de suicídio.

A pessoa com depressão perde o interesse por atividades que anteriormente despertavam prazer, incluindo atividades profissionais, sexuais e de lazer, bem como outros sintomas que podem ou não, combinar-se entre si, e as pessoas que estão em home office, especialmente se morarem sozinhas,  devem prestar atenção e tomar cuidado porque existe sim relação entre depressão e solidão.

A relação entre depressão e solidão

Maria Tereza Boulos resume em uma frase: Depressão rima com solidão:

A depressão remete as pessoas à uma sensação de perda dos laços, de achar que sofre de um mal do qual ninguém mais sofre, o que vai deteriorando a sua autoimagem. Mas nós, seres humanos, precisamos da companhia de outras pessoas, sentir o calor do outro e o reconhecimento de quem somos. Quando eu tenho isso, mesmo estando deprimida, eu terei um curso da doença menos grave.

Quem pode ter Depressão

A Dra. Maria Tereza explica que a depressão é uma doença de corpo (tanto como hipertensão arterial, a diabetes ou as doenças cardíacas) que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento. Não existe idade para a depressão, que pode atingir jovens, adultos e idosos, mas que quando analisamos os efeitos da solidão sobre a depressão, devemos observar o comportamento de adolescentes e jovens.

Tudo o que adolescentes mais querem é “estar com a galera”, pertencerem a um grupo. Por isso, devemos ficar atentos quando os nossos jovens se isolam por demasiado tempo pois, um isolamento prolongado, poderá levar a tristeza que, por sua vez, poderá levar à depressão, alerta a psicóloga.

Síndrome do Pânico durante o home office

No início da pandemia, as pessoas tinham que lidar com o medo, justificável, de uma doença perigosa e até então, desconhecida. Esse medo deixou marcas, mesmo depois que surgiram as vacinas, que se manifestou na forma da Síndrome do Pânico, que a Dra. Maria Tereza explica que não é uma “fraqueza emocional”, como muitas pessoas imaginam, mas uma doença grave, incapacitante, e que traz sérios problemas para a vida de seus portadores.

A Síndrome do Pânico se manifesta em crises súbitas e inesperadas, que podem incluir esses sintomas: sensação de asfixia, vertigem, sentimentos de instabilidade ou sensação de desmaio, palpitações, taquicardia, sudorese, náuseas, despersonalização, distorções da percepção da realidade, anestesia ou formigamento, ondas de calor ou calafrios, dor ou desconforto no peito, sensação de morte iminente e medo de enlouquecer ou cometer ato descontrolado.

Quem pode ter Síndrome do Pânico

Maria Tereza Boulos explica que pessoas que sofrem de Síndrome do Pânico apresentam certos aspectos em comum: são profissionais extremamente produtivas, muito exigentes consigo mesmas, não lidam bem com imprevistos, e se preocupam excessivamente com problemas cotidianos. Isso as predispõe ao estresse acentuado, que pode levar ao aumento da atividade de determinadas regiões do cérebro, desencadeando a Síndrome do Pânico.

Maria Tereza Boulos explica que, como em várias outras doenças, a Síndrome do Pânico também tem um fator genético hereditário, já que ela ocorre com maior frequência em pessoas  cujos familiares têm um histórico dessa doença. Ela é perigosa, traz prejuízos aos relacionamentos interpessoais, principalmente aos de caráter afetivo e profissional, e quem achar que pode ter deve procurar tratamento com um profissional de saúde habilitado.

A Dra. Maria Tereza alerta ainda que medicamentos com anfetaminas, muitos usados em dietas de emagrecimento, ou drogas como cocaína, maconha, ecstasy e outras também podem promover no cérebro as alterações químicas que levam ao surgimento da Síndrome do Pânico.

TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo –

Maria Tereza Boulos explica que o TOC- transtorno obsessiva-compulsivo é uma doença na qual  a pessoa se torna vítima de pensamentos e comportamentos repetitivos que não tem sentido, são desagradáveis, mas que não consegue evitar. Achar que as mãos estão contaminadas, e lavá-las até ficarem irritadas, não querer sair de casa antes de verificar bicos de gás do fogão, torneiras, etc., são atitudes comuns aos portadores do TOC.

A terapeuta explica que é preciso saber a diferença entre o TOC e os cuidados básicos saudáveis e até dos pequenos rituais que fazem parte da rotina de qualquer pessoa, e que essa diferença está na repetição e intensidade, que se tornam excessivas, e até desagradáveis para a própria pessoa, e para quem está em volta, mas que ela simplesmente não consegue controlar e evitar.

Exemplos de comportamentos influenciados pelo TOC são limpezas, verificações, contagens e arrumações repetitivas e intermináveis, porque são motivadas por pensamentos ou impulsos de conteúdo ruim, que deixam a pessoa ansiosa, e que retornam repetidamente à sua mente, independentemente de sua vontade. E realização dos “rituais” traz um alívio temporário, porque logo a pessoa é tomada por outros pensamentos ruins e passa a realizar novos rituais.

Durante o isolamento social, quando não havia vacinas, higienizar as mãos com álcool constantemente, ou sair pouco de casa eram comportamentos recomendados. Mas para os portadores de TOC, forneceu uma justificativa que potencializou seu transtorno, afetando sua vida familiar, afetiva, social, acadêmica e profissional. Inclusive, acredita-se que muitos deles permaneceram com estes rituais, mesmo após a chegada das vacinas.

Sabe-se que a grande maioria dos portadores de TOC, infelizmente, não procura ajuda, por vergonha, e na tentativa de esconder seus pensamentos e comportamentos repetitivos. E há prejuízos na demora pela busca de tratamento porque poderão, nessa ocasião, estar com os hábitos obsessivos-compulsivos arraigados e muito difíceis de mudar, finaliza a Dra. Maria Tereza.

Efeitos do home office sobre a ansiedade

É difícil não sentirmos ansiedade nos dias de hoje, uma vez que os estímulos para isso são muitos. O problema é quando ela extrapola um certo nível e passa a interferir negativamente na vida das pessoas, podendo atingir a saúde e chegar a situações extremas. Para as pessoas que já são ansiosas, sentirem-se confinadas, como pode acontecer em um home office, representa um gatilho para o aparecimento do Transtorno de Ansiedade.

Maria Tereza Boulos explica que o medo e a ansiedade são dois lados da mesma moeda, estão ligados, e cada um vive a ansiedade de uma forma. Mas espaço pequeno, muitas horas de tela e solidão, são fatores que potencializam a ansiedade. As solicitações do mundo moderno e o trabalho home-office remeteram as pessoas a “ter que dar conta de tudo”, o que leva ao aumento da ansiedade.

Há um nível normal de ansiedade, e que é até necessário, explica a terapeuta. É aquele receio que protege, faz pensar antes de agir e estimula a precaução. O problema é quando a ansiedade ultrapassa o limite protetor e passa a ser prejudicial, a causar limitações na vida profissional, afetiva e social, como medo de se expor, de falar em público (fobia social), que paralisa. É o que chamamos de transtorno de ansiedade.

Como o home office afeta a ansiedade

Maria Tereza Boulos afirma que o transtorno de ansiedade deixa a pessoa num estado de alerta total. As pessoas estão mais ansiosas porque a velocidade das coisas é muito maior. A velocidade tecnológica trouxe mais solicitações e a gente tem que estar muito mais atento. Sabemos o que acontece no mundo, o tempo inteiro; quem se conecta demais, tem maior sofrimento e consequentemente, mais ansiedade.

No caso do home office, em que além de conectadas o tempo inteiro, as pessoas misturaram vida pessoal e profissional, em jornadas extensas dentro de casa, que ultrapassam dez horas, sem que se determine quando começa ou termina o expediente, e onde é o local de trabalho e de descanso, tem sido custoso para a saúde mental das pessoas, explica Maria Tereza.

A ansiedade gera alterações bioquímicas no organismo que gera uma alteração no padrão de pensamento. As pessoas vivem numa espécie de desalento. Entre as queixas narradas em meu consultório virtual, está a de operar em um modo automático após o trabalho, sem vontade de fazer nada. Uma espécie de efeito zumbi. Recebo queixas da maioria se sentir em estado de alerta, como se trabalhassem todo o tempo em que estão acordados, conclui.

Como lidar com os problemas do Home Office

O home office, é uma situação colocada em que as empresas estão contratando dessa maneira, e o local onde o profissional vai trabalhar nem sempre pode ser negociado, como por exemplo, propondo um modelo híbrido, em que se trabalha alguns dias da semana em casa e outros no escritório da empresa. Mas como lidar com os problemas e riscos, sobre os quais falamos ao longo desse artigo?

A ideia de aumentar recursos para diminuir riscos, é uma premissa da abordagem cognitiva que aprecio muito, explica Maria Tereza Boulos:

Se aumentarmos os nossos recursos saindo de casa em busca, por exemplo, de um Coworking, que pode ser tanto próximo de sua casa, como da escola de seus filhos, e longe do ambiente familiar, diminuiremos os riscos de atritos com aqueles que convivem conosco, diminuindo também, o tédio, o distanciamento social e o empobrecimento intelectual.

Quando nos respeitamos, tendo o nosso espaço de trabalho, separado do espaço familiar, cumprimos nossas metas com maior rapidez e qualidade. O resultado será positivo primeiramente para você e depois para aqueles que lhe são caros e que fazem parte de sua trajetória de vida, conclui a Dr. Maria Tereza Boulos.

Maria Tereza Boulos
A Dra. Maria Tereza G. Bardauil Boulos, é membro da Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva e Especialista no Tratamento dos Sintomas Contemporâneos

Instagram: https://www.instagram.com/mariaterezaboulos/

Sobre o EZ Coworking: Primeiro coworking dentro de um hotel na cidade de São Paulo, fica no bairro da Aclimação, e é muito prático para quem precisa estar perto das regiões do Paraíso, Vila Mariana e Avenida Paulista.

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