7 dicas para o sucesso profissional, por Norberto Chadad

Poucas pessoas são mais qualificadas para fornecer dicas para o sucesso profissional do que Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, uma das mais tradicionais consultorias de Recursos Humanos do Brasil, que já aconselhou mais de 50 mil profissionais e atendeu mais de 1.000 empresas, brasileiras e multinacionais, dos mais diversos setores.

Norberto Chadad convive diariamente com os principais líderes empresariais, incluindo CEOs, presidentes e vice-presidentes, conhecendo o que essas pessoas levam em consideração para contratar os executivos com quem irão trabalhar e como escolhem os homens e mulheres com quem vão fazer negócios, como outros executivos ou profissionais liberais e até os empreendedores nos quais irão acreditar para investir em projetos inovadores.

Em uma conversa absolutamente franca, Norberto nos explicou como competência técnica, experiência e currículo acadêmico são importantes, mas que existem outros aspectos nos quais os profissionais precisam prestar atenção, e erros que eles devem evitar a todo custo.

Então, vamos às dicas de sucesso profissional de Norberto Chadad:

1 – Não descuidar do networking

O networking, a rede de relacionamentos estratégica, é fundamental para o sucesso de qualquer profissional. Mas durante a pandemia, com o home office se tornando uma prática comum, adotada pela maioria das empresas, muitos profissionais parecem ter se esquecido de como fazer networking. E perderam com isso, explica Norberto:

“Eu sinto que houve esse “desaprendizado”. No meu trabalho, aprendi que é necessário ter paixão por pessoas, e fiz disso um lema. E é importante lembrar que a “mágica” do networking acontece com as pessoas interagindo no mesmo ambiente. Durante a pandemia as pessoas tinham medo de se aproximar umas das outras, o que foi compreensível pela situação. Mas agora é imprescindível retomar os encontros presenciais e desenvolver e manter o networking”.

2 – Entender as vantagens e desvantagens dos trabalhos presencial e remoto

Norberto Chadad explica que desde que a internet existe, as pessoas a utilizam para se aproximar, e as ferramentas foram se tornando mais sofisticadas, com redes sociais como o Linkedin, que é excelente para o networking, e plataformas de videoconferência, como o Zoom, para trabalhos remotos em conjunto. Tudo é válido, mas nada substitui a experiência presencial, o contato pessoal.

“O que escutamos dos nossos clientes, ou seja, um dado empírico, trazido pela experiência, é que as reuniões por videoconferência funcionam bem para dar continuidade a atividades referentes a decisões já tomadas. Mas quando a reunião inclui debate, negociação, convencimento, para uma tomada de decisão, muitas vezes a videoconferência termina sem resolver o problema a que se propunha”.

“Isso acontece porque a comunicação tem elementos da linguagem verbal, mas também não verbal, como a linguagem corporal. Às vezes, quando o objetivo é aparar arestas, tomar uma decisão, definir uma estratégia para a empresa, fechar um negócio, é preciso um contato olho no olho. E o que não seria resolvido em intermináveis reuniões por videoconferência é resolvido em uma única hora de conversa em uma reunião presencial.

O networking funciona exatamente da mesma maneira. O Linkedin por exemplo, é uma ferramenta fantástica para iniciar uma campanha de networking, mas para que funcione, é preciso que o usuário passe do mundo virtual para o real, explica Norberto, dando um exemplo prático:

“Certa vez, a Thomas Case foi contratada para encontrar um diretor financeiro para uma empresa. Enviamos quatro candidatos, todos muito bem qualificados para o cargo. Mas sabíamos que havia um que se destacava, e esperávamos que fosse o escolhido. Porém, o candidato escolhido foi outro. E quando perguntamos a razão, foi que o CEO da empresa tinha achado que o candidato favorito tinha um aperto de mão ‘meio fraco’”.

“Parece algo banal, um detalhe absolutamente irrelevante”, explica Norberto, “mas, gostemos ou não, no fim das contas, decisões importantes são tomadas por pessoas, muitas vezes por critérios muito subjetivos. E é inegável que o contato presencial e pessoal fez toda a diferença para o candidato que tinha o aperto de mão mais firme”.

3 – Ser flexível para trabalhar no sistema híbrido

O home office foi obrigatório durante a pandemia, mas agora é opcional. E mesmo com algumas empresas se encantando, no início, com a economia em aluguéis e manutenção de imóveis que o home office proporcionava, a maior busca delas hoje é por profissionais que trabalhem no sistema híbrido, alguns dias em casa e outros no escritório.

Alguns profissionais, por sua vez, se encantaram pelo home office por se pouparem de deslocamentos diários, e por terem conseguido montar um escritório em casa e uma rotina que funciona, estão relutantes em retomar o trabalho presencial. Mas o conselho de Norberto Chadad é que repensem, pensando não somente nas necessidades das empresas, mas nas suas próprias.

“Muitas pessoas em home office produzem apenas 40% do que conseguem em um escritório. Essa queda na produtividade do trabalho ocorreu por vários motivos, incluindo a incapacidade de organizar e separar as obrigações pessoais e familiares, como cuidar de crianças pequenas ou animais de estimação barulhentos, de problemas de saúde mental que se agravaram como resultado do isolamento.”

“Vários profissionais excelentes que conhecemos tiveram problemas sérios de saúde mental, como depressão e outras doenças”. Mas, mesmo quem não teve um comprometimento sério de saúde foi prejudicado pelo isolamento social do home office de outras formas, explica Norberto e complementa:

“Muitas pessoas simplesmente se tornaram mais inseguras no contato presencial, sem a intermediação de um Zoom ou outro aplicativo de videochamada. Não conseguem responder perguntas simples, que fazemos nas simulações de entrevistas de emprego. Não estão sabendo se comunicar, e precisam reaprender para ter sucesso profissional! Por isso, acreditamos que o futuro do trabalho está no sistema híbrido.”

4 – Invista em relacionamentos de longo prazo, para não ser “mais um”

Demonstrar boa vontade e flexibilidade quando se necessita de um emprego, no caso de um executivo de carreira ou de clientes, quando se é um profissional liberal ou empreendedor, é o mínimo que o bom-senso exige. Mas fazer isso quando se está empregado, ou com uma carteira de clientes lotada, é um investimento nos relacionamentos de longo prazo, para não ser mais um. E mais do que boa vontade, demonstra sabedoria e equilíbrio.

Norberto Chadad explica que, por mais competentes e qualificados que sejamos, nossas qualificações profissionais e acadêmicas podem ser igualadas, e talvez até superadas, em algum momento. Investir nos relacionamentos demonstrando ser um profissional dedicado, e uma pessoa boa de se conviver, ajuda a criar uma reputação positiva no mercado, que mantem portas abertas.

5 – Aproveite as oportunidades, mas evite os estrelismos

Sempre existirão os profissionais que, por determinadas circunstâncias, se tornam mais demandados pelo mercado. É normal que nessa situação, eles negociem maiores ganhos ou benefícios. Mas é importante não ser intransigente, ser flexível e evitar estrelismos. Saber renunciar ao que não é tão importante assim, que pode até ser uma questão de ego, para receber aquilo que realmente importa. Inclusive, porque as circunstâncias podem mudar.

Um exemplo que Norberto dá é de profissionais que, apesar de as empresas estarem pedindo um trabalho presencial, aceitando negociar um modelo híbrido, não abrem mão do home office. E muitas empresas, pela escassez desses profissionais no mercado, acabam aceitando, mesmo a contragosto.

“O que os profissionais precisam entender é que funciona uma lógica de mercado. Um setor aquecido, como por exemplo, Tecnologia da Informação, inevitavelmente vai atrair gente nova, que pode estar entrando na faculdade hoje e em breve estará no mercado. Pode-se questionar que não terão a experiência dos profissionais mais antigos. Mas isso também é questão de tempo”.

“Quem quer ter sucesso profissional deve planejar sua carreira de forma que sempre tenha seu próprio espaço no mercado de trabalho, não somente quando uma demanda estiver superaquecida. E isso vale para executivos, profissionais liberais e empreendedores”, explica Norberto.

6 – Negocie para garantir os seus interesses, mas use a estratégia correta

Todo profissional pode e deve negociar para conseguir o máximo de retorno que puder. Mas sempre deve analisar o cenário antes de se posicionar. Se você é um empresário, deve avaliar o que seus concorrentes no mercado e tentar superá-los no que eles estão oferecendo com melhores produtos ou serviços, ou melhores preços. Isso também vale para um executivo em uma entrevista de emprego.

“Em qualquer interação profissional, qualquer negociação, mostre segurança e energia, mas sem exagero. No caso de uma entrevista de emprego, seja humilde, do início ao fim, não diga ‘eu quero ganhar tanto’ quando chegar o momento, diga que quer colaborar com a empresa, e pergunte o que a empresa pode oferecer. Talvez seja mais do que você está esperando. Ensinamos isso nas simulações”, explica Norberto.

7 – Tenha cuidado no uso das redes sociais e grupos de WhatsApp

Ter muito cuidado no uso das redes sociais é fundamental para o sucesso profissional, independentemente da carreira que se escolha. Para fazer bom uso das redes sociais, e alavancar a carreira, ao invés de prejudicá-la, existem duas realidades que o profissional precisa aceitar.

A primeira é que as redes sociais quebraram a barreira que separava a vida privada e pessoal da vida profissional. Essa fronteira, a privacidade, não existe mais, especialmente para quem expõe demasiadamente a vida nas redes sociais.

A segunda é que em um mundo ideal, a vida privada de uma pessoa não faria diferença em como ela é avaliada profissionalmente, contanto que ela não fizesse nada ilegal, ou socialmente inaceitável. Mas vivemos no mundo real, não no mundo ideal. E os profissionais precisam tomar cuidado, para não se prejudicarem.

Então, seguem alguns cuidados que Norberto Chadad recomenda:

Cuidado com a maneira que expõe a vida pessoal nas redes sociais

Não se exponha em um momento pessoal de uma maneira como não gostaria de ser visto na festa de fim de ano da empresa, ou em um evento corporativo com alguns de seus melhores clientes. E isso vale tanto para quem está concorrendo por uma vaga, como para quem está empregado, tem um cargo dentro de uma empresa e, talvez, ambições de crescer. Não dê oportunidade das pessoas, inclusive eventuais rivais, criticarem o seu comportamento.

Você é responsável pelo que posta nas redes sociais

O recrutador da empresa na qual você quer trabalhar, seu chefe, seus colegas de trabalho, seus clientes e as pessoas das empresas que você quer fechar negócio visitarão o seu perfil nas redes sociais. Elas verão tudo o que você postou e, inevitavelmente, farão algum tipo de julgamento, porque isso é da natureza do ser humano. As pessoas julgam e são julgadas o tempo inteiro, e as redes sociais potencializam esse processo exponencialmente.

O resultado desse “julgamento” pode ser bom, indiferente ou desastroso para você, dependendo das postagens que você fez. E, independentemente de qual seja, lembre-se de que não se trata de uma invasão de privacidade, porque foi algo que você escolheu mostrar. Então, tenha cuidado com o que você posta em redes sociais.

Algumas empresas, inclusive tem receio de serem associadas a algo negativo que um colaborador faça, mesmo que fora do ambiente de trabalho. Outras não tem essa preocupação. Mas, por via das dúvidas, o mais prudente é o profissional se preservar, evitando exposição desnecessária em redes sociais.

Norberto explica como funciona o aconselhamento de carreira nessa parte:

“Independentemente de ser brilhante, um profissional pode perder pontos na sua parte comportamental. Quando preparamos as pessoas para entrevistas, pedimos para olhar o que elas publicam nas redes, e sugerimos aos nossos clientes que tirem tudo o que possa atrapalhar. Tem empresas que valorizam muito isso, outras que acham que “da porta pra fora” cada um faz o que quiser. Mas o profissional deve se preparar para todas as possibilidades.

Isso seria um excesso de zelo por parte das empresas? Norberto explica que não. “70% das demissões provocadas, ou pedidas, no último ano, foram por não adequação à cultura da empresa. Algo totalmente ligado à parte comportamental da pessoa. Os gestores avaliam, e tem sua razão nisso, de que a forma que a pessoa se comporta na vida pessoal vai se repetir na vida profissional.

Evite participar de polêmicas nas redes sociais

O direito à livre expressão é sagrado, e garantido pela Constituição. Entretanto, o profissional deve pensar duas vezes antes de participar de polêmicas nas redes sociais. Vale a máxima de não discutir política, religião e futebol, assuntos em que pessoas muitas vezes extrapolam, e falam coisas de que mais tarde se arrependem.

Para piorar, a participação em uma polêmica em rede social fica registrada para a posteridade, podendo ser vista muito tempo depois e até retirada de contexto. E, seja a empresa na qual você quer trabalhar, ou aquela com a qual você quer fechar negócio, será completamente compreensível se ela quiser se afastar de assuntos considerados “tóxicos”. E pessoas relacionadas a eles.

Além disso, existe a questão do foco e da produtividade. Assuntos muito apaixonantes, como por exemplo, a política, criam antipatias e discussões que contaminam o ambiente de trabalho, a ponto de muitas empresas terem proibido esse tipo de debate no ambiente organizacional, explica Norberto Chadad.

Tenha cuidado nos grupos de WhatsApp

Todos os cuidados recomendados para as redes sociais valem para os grupos de WhatsApp. O agravante dos aplicativos de mensagens segundo Norberto Chadad, é que muitas vezes eles “criam a ilusão de que se tem privacidade, porque geralmente as pessoas que participam dos grupos se conhecem. Mas todo amigo tem um amigo, que tem um amigo, e assim sucessivamente, podendo causar um problema para o profissional que seria completamente evitável”, finaliza Norberto.

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