Adequação à cultura da empresa é um fator decisivo para contratar um novo talento? Você acha que isso é secundário? Ou acredita que não ter alguém que desempenhe uma determinada função pode ser um problema, mas contratar uma pessoa para isso, e ela não conseguir entregar o que se espera dela por razões que vão além de suas competências pode ser um problema ainda maior?
Entenda porque a adequação à cultura da empresa é um critério muito importante na hora de contratar!
Toda empresa tem a sua cultura, o seu jeito de fazer as coisas
Em uma entrevista dada com exclusividade para o Blog do EZ Coworking, o renomado especialista em Recursos Humanos Norberto Chadad, CEO da Thomas Case e Associados, revelou que 70% por cento das demissões provocadas ou pedidas no ano de 2021 não se deveram às capacidades das pessoas em exercer as funções para que foram contratadas, mas à inadequação à cultura da empresa.
É um número muito alto, porque contratar e demitir são processos com custos financeiros, como também porque existem expectativas frustradas para todos os envolvidos: As empresas que contrataram esperavam uma performance e um resultado que não aconteceu, e o profissional esperava, além de salário e benefícios, crescimento e realização profissional, com tudo o que isso influencia na saúde física e mental e na própria autoestima.
E a sensação desse risco é maior tanto para empresas que contratam, como para os profissionais contratados, quando a modalidade de trabalho é home office ou híbrida. Nessa situação, a possibilidade para que existe aquele tipo de comunicação informal em que o profissional recém chegado consegue captar certas peculiaridades do ambiente, ou até um colega mais sênior consegue dar dicas, não tem chance de acontecer.
Então, como minimizar os riscos de fazer uma contratação que não dá certo por falta de adequação à cultura da empresas?
Defina os valores da empresa
É muito importante que se defina os valores da empresas. Não faz sentido cobrar de um profissional que ele siga valores que as próprias pessoas que avaliarão o seu comportamento não sabem dizer quais são.
Por mais que valores muitas vezes sejam linhas mestras em que cabe um certo grau de interpretação, que pode ser bastante subjetiva, é preciso que eles estejam explícitos. Se uma empresa afirma que entre seus valores está o trabalho de equipe, se espera que o ambiente estimule muito mais a atitude colaborativa do que o um grau de competição exacerbado entre equipes ou até entre profissionais.
Da mesma maneira, se uma empresa coloca como seus valores o bom atendimento ao cliente, não faz sentido uma liderança que estimule um modo de agir que, mesmo que entregue bons resultados em outros aspectos, gere um número muito alto de reclamações em função de clientes que não se sentiram bem atendidos.
Então, não é necessário somente definir os seus valores, mas alinhar o modo de agir da sua equipe a eles. Do contrário, serão somente palavras vazias.
Crie um funil de contratação, com as perguntas certas
Você certamente já ouviu falar, e talvez até use, um funil de vendas, em que, através de conteúdo, você qualifica o seu público até chegar às pessoas certas, ou seja, aquelas que têm condições e desejo de comprar o que você está vendendo, e estão no momento certo para fazê-lo.
Da mesma maneira, você pode criar um funil de contratação, em que faça perguntas realmente pertinentes à função que a pessoa a ser contratada vai exercer. E, com base nas respostas, pode ter um bom filtro a respeito da adequação à cultura da empresa por parte do candidato ao trabalho.
Veja os candidatos ao emprego em ação
Passe da teoria à prática. Crie uma simulação de experiência real, para que o candidato tenha a oportunidade de mostrar suas habilidades. Por exemplo, em trabalhos que exijam bastante autocontrole, como por exemplo, lidar com situações em que os clientes podem ficar nervosos, que vão de um balcão de aeroporto a uma conta de rede social que é usada como canal de reclamações.
Se a cultura da empresa é sempre atender o cliente com educação, o funcionário jamais pode perder a linha, por mais que o cliente o faça, especialmente em um momento de nervosismo. E estudos mostram que, por mais que as pessoas saibam que se trata de uma simulação, as reações que elas demonstrarão nesse treinamento e avaliação serão muito próximas da situação real.
Envolva a equipe na tomada de decisão
Isso vai depender um pouco de como é o seu estilo de liderança, e o estilo de cada um dos membros da equipe, mas antes de tomar a decisão final sobre a contratação de um profissional, se o principal critério for a sua adequação à cultura da empresa, levar em consideração a opinião de quem vai lidar com aquele profissional todos os dias pode ser uma estratégia inteligente.
Mas não se deve nunca confundir isso com uma terceirização da tomada de decisão, porque essa é uma atribuição da liderança.