Como construir uma cultura organizacional forte com a equipe trabalhando em home office

Uma cultura organizacional forte pode ser um dos mais poderosos diferenciais competitivos de uma empresa. Mas culturas não nascem do dia para a noite. Elas são produzidas pela interação de grupos e pessoas ao longo do tempo. Como essa interação foi afetada pelo trabalho remoto de várias maneiras, se colocou o desafio de como construir uma cultura organizacional forte com a equipe trabalhando em home office.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que culturas não são estanques. Elas são obras em permanente construção, porque sempre influenciam as pessoas e grupos que entram em contato com elas. E por sua vez, também são influenciadas por elas.

Com uma equipe trabalhando remotamente, é inevitável que essa construção cultural seja afetada, e que os desafios do home office sejam enfrentados. Por isso, ter sucesso na construção de uma cultura organizacional forte exige um comprometimento radical da liderança da equipe, a criação de estruturas formais e informais de comunicação e um alto nível de transparência e proatividade.

Mas vamos falar de algumas vantagens do home office para a construção de uma cultura organizacional forte.

Atração de talentos

Uma característica dos grandes empreendedores é que eles não se sentem intimidados, ou ameaçados, em trabalhar com pessoas talentosas. Eles entendem que elas agregam valor para a sua organização. Mas que a atração de talentos nem sempre é uma tarefa simples ou fácil, especialmente nos grandes centros, onde existe uma grande competição entre as empresas para contratar as pessoas com as melhores hard skills e soft skills.

Mas, quando você entende que o home office eliminou o problema das distâncias geográficas, você pode raciocinar da seguinte maneira: Onde é mais fácil de encontrar talentos para a sua empresa: Na sua cidade, ou no planeta Terra?

Então, para construir uma cultura organizacional forte com a equipe trabalhando em home office, e atrair os melhores talentos, você deve considerar que não está limitado pela disponibilidade de mão de obra qualificada em sua região.

E não custa lembrar que esse é um raciocínio de mão dupla, pois muitos bons profissionais adotaram o estilo de vida de nômades digitais, estando disponíveis para a realização de diversos trabalhos que você pode precisar, e escolhendo as cidades em que vão morar com base nas vantagens que elas oferecem.

Construa a cultura organizacional do trabalho remoto primeiro

Para construir uma cultura organizacional forte, a pior decisão que você pode tomar é a de fazer isso porque todos estão fazendo, ou olhar somente para a redução de custos com escritórios próprios. Mesmo se houver uma oportunidade de trazer um grande talento, como colocamos no parágrafo acima, você deve analisar se isso vai funcionar para você.

Isso tem menos a ver com o seu desejo de implementar um certo sistema de trabalho, remoto, presencial ou híbrido, e mais com a sua capacidade de implementá-lo, que é algo que você deve analisar sendo totalmente honesto com você mesmo.  Para construir uma cultura organizacional forte com a equipe em home office, você deve priorizar o trabalho remoto. Ou seja, tem que pensar primeiro em quem está longe.

A eficácia de uma cultura organizacional depende de como a informação flui. Todos precisam sentir que têm acesso às mesmas informações. Mas é inevitável que culturas remotas e baseadas no trabalho presencial compartilhem informações, trabalhem o seu networking, de forma diferente. E essa é uma grande armadilha que muitas organizações caíram quando adotaram o home office sem se preparar para ele.

Um erro muito comum de se cometer é, no afã de contratar os talentos de que necessitam, abram exceções de home office em organizações estruturadas para o trabalho presencial ou híbrido. Esta é uma receita para o desastre se a empresa não mudar a forma como compartilha as informações.

Quando alguém fica remoto, perde informações em reuniões improvisadas, em quadros brancos, no proverbial bebedouro e até no cafezinho nos intervalos de trabalho. Muito rapidamente, essas pessoas se sentirão excluídas, fora do circuito e infelizes, incapazes de entregar o seu melhor resultado.

Quando uma empresa não muda a forma como a comunicação flui a partir do momento em que a primeira pessoa adota o home office, ela dificilmente conseguirá aproveitar os benefícios do trabalho remoto. E ainda alienará essas pessoas. E quando os problemas aparecerem, a empresa dirá que o trabalho remoto não funciona, mesmo que a liderança não tenha feito tudo o que tinha de fazer.

Então, se quiser construir uma cultura organizacional forte com a equipe trabalhando em home office, a empresa não pode se preocupar somente com salas de descompressão, locais para happy hour, ou um bom restaurante. Precisa também ter salas de reunião preparadas para a realização de vídeo chamadas a qualquer momento.

Dicas para construir uma cultura organizacional forte com trabalho remoto.

Se você está empenhado em construir essa cultura organizacional forte, precisa mudar algumas coisas na maneira como lidera sua equipe.

Líderes têm de trabalhar arduamente para construir e manter excelentes relacionamentos com as suas equipes. É muito mais difícil ser gestor numa cultura remota do que numa cultura baseada em trabalho presencial.

A maior parte da informação necessita de ser escrita ou registrada, estando disponível para as pessoas acessarem e consumirem no seu próprio tempo.

Você terá de adotar um nível de transparência que inicialmente pode parecer desconfortável, para que todos se sintam conectados com o negócio. Você deve se lembrar que, quando trabalham remotamente, as pessoas também podem estar em fusos horários diferentes, e você, como chefe, pode não estar disponível para esclarecer dúvidas. Então, para que o trabalho remoto funcione, você precisará ser muito eficiente ao delegar tarefas.

Superar a barreira do cafezinho, que é onde as pessoas constroem as relações de trabalho informais que constroem algumas das relações mais fortes da empresa.  A maior parte da sua comunicação terá de ser escrita e você deve ser excelente nisso. Pessoas que não forem excelentes para entender e se fazer entender por escrito terão dificuldades no trabalho remoto.

Promova integrações presenciais.

Uma maneira de construir uma cultura organizacional forte com a equipe trabalhando em home office é a realização de dias de trabalho presencial, com uma frequência quinzenal, semanal ou mensal.

Caso sua empresa tenha decidido reduzir seus escritórios próprios, uma opção é a realização dessas integrações em um coworking. E se for o caso de reunir pessoas que estão em cidades diferentes, uma boa opção são os hotéis coworking, que conseguem oferecer tanto o serviço de escritório compartilhado, quanto o de hospedagem.

Contratação para equipes remotas

A entrevista de emprego é uma técnica que vem sendo desenvolvida desde a revolução industrial, e que precisou de evolução para ser feita de forma remota e principalmente para conseguir entender quem são as pessoas com as características certas para trabalhar em home office.

Dois pontos importantes que você deve analisar para contratar uma equipe remota são procurar pessoas com um histórico de excelência e um genuíno amor pela sua profissão. Que saibam exatamente o que querem de sua carreira e só precisem de uma cultura que lhes dê condições suficientes para fazer o seu melhor trabalho.

Embora muitas empresas façam um trabalho sério e dedicado para criar ambientes colaborativos e construir equipes de alta performance, inclusive no sistema remoto, o fato é que profissionais que estão em home office passam de quatro a seis horas por dia concentrados, trabalhando sozinhos.

Então, para o trabalho remoto funcionar, é necessário ter pessoas que precisem de menos supervisão. Ou seja, que não precisem ser chefiadas, mas estejam capacitadas a ser lideradas, e também liderarem, à distância.

Aprendizes, estagiários e trainees no trabalho remoto.

O trabalho remoto, por ser uma realidade relativamente nova, ainda está colocando todos os seus desafios, e um deles é como ficariam os profissionais em início de carreira, como aprendizes, estagiários e trainees em um sistema de home office.

Não temos ainda a resposta para isso, mas essas são fases da vida profissional que envolvem aprendizado, orientação e observação. Além de terem mais dificuldade em mostrar seu potencial, esses jovens profissionais perderão muito se não tiverem, além do aprendizado no trabalho prático, uma vivência social em uma organização.

Entretanto, a partir do momento em que o home office se torna mais comum em muitas empresas, o início de carreira no trabalho remoto é uma questão que deve ser encarada. Para as empresas, uma solução é, pensando nos profissionais em início de carreira, incluí-los nas integrações feitas em coworking, e criar atividades específicas para eles.

Crie qualidade de vida no home office

Os críticos do home office muitas vezes presumem que, por estarem fora de um escritório, as pessoas trabalham menos. Mas a experiência mostra que o que ocorre entre aqueles que trabalham bem em casa é justamente o contrário!

Por não dependerem de horários de ónibus ou metrô, ou mesmo por não gastarem horas do dia presos em engarrafamentos na ida e na volta do trabalho, essas pessoas acabam trabalhando mais tempo, de 12 a 14 horas por dia, e praticamente sem perceber!

O problema do home office não é trabalhar pouco, mas trabalhar muito! Um ritmo como esse não é sustentável, muito menos, saudável! Por isso, o home office exige um elevado nível de autodisciplina, de pessoas que valorizam a harmonia entre vida pessoal e profissional.

Os trabalhadores remotos precisam de ter uma vida fora do trabalho, como família, hobbies, esportes e outras paixões. Quando as pessoas são disciplinadas para manter a harmonia entre vida pessoal e profissional elas não se esgotam, fazem seu melhor trabalho e ficam felizes trabalhando na sua empresa.

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